O QUE MILHARES DE MÉDICOS FAZEM NA FOLHA DE PAGAMENTO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA?

Muitos médicos trabalham para empresas visando beneficiar os pacientes, como os pesquisadores envolvidos em ensaios relevantes.

No entanto, a maioria dos médicos empregados pela indústria não atua em benefício dos pacientes, mas sim para promover os produtos das empresas.

Isso é evidenciado pelos dados que mostram que a função mais comum dos médicos na Dinamarca em 2010 era a de pesquisador, porém, os verdadeiros avanços terapêuticos são raros.

Um estudo da Prescrire em 2009 revelou que a maioria dos novos medicamentos ou indicações não apresentava benefícios significativos, e alguns até representavam riscos à saúde pública. Mesmo estimativas mais generosas sobre o ganho terapêutico dos novos medicamentos são questionáveis quando examinadas de perto.

A maioria dos médicos que colaboram com a indústria farmacêutica não estão realmente realizando pesquisas valiosas, mas sim participando de atividades de marketing. Mesmo quando uma empresa desenvolve um medicamento superior, apenas alguns médicos são necessários para conduzir os ensaios clínicos necessários.

Muitos médicos acabam envolvidos em projetos relacionados a medicamentos similares, que são variações de substâncias já existentes no mercado. Estes medicamentos frequentemente não oferecem avanços terapêuticos significativos, mas são comercializados como inovações. Uma maneira de manipular os melhores resultados de uma pesquisa envolvem:

  • Manipular o delineamento,
  • Análise e relatório de ensaios comparativos diretos de dois medicamentos ativos.

A indústria utiliza estratégias como realizar ensaios controlados por placebo desnecessários para promover esses medicamentos, mesmo após a eficácia do medicamento já ter sido comprovada. Além disso, os ensaios comparativos diretos entre medicamentos ativos muitas vezes são manipulados para favorecer o medicamento da empresa.

Documentos internos revelam que a finalidade desses estudos é apoiar o marketing dos produtos, por exemplo, a linha de medicações similares de um medicamento já consagrado.

Como resultado, Parece que pelo menos 97% dos 1.626 médicos dinamarqueses que auxiliam as empresas como “pesquisadores” não realizam pesquisa valiosa, mas ajudam as empresas com marketing.

ENSAIOS DE SEMEADURA

Os ensaios de semeadura, em geral, carecem de valor científico, pois muitas vezes não possuem um grupo-controle e os dados coletados raramente são publicados. Seu objetivo principal é promover o uso de um medicamento novo, muitas vezes oferecendo incentivos financeiros aos médicos para recrutar pacientes.

Embora as empresas os chamem de “pesquisa”, esses ensaios têm características de suborno. Poucos médicos e pacientes participariam conscientemente de um estudo que os coloca em risco apenas para beneficiar uma empresa em termos de marketing.

Esses ensaios são frequentemente conduzidos por pessoal de marketing e não requerem aprovação de comitês de ética em pesquisa. Documentos internos revelam que as empresas farmacêuticas buscam influenciar até mesmo a pesquisa clínica independente, controlando os dados e recompensando os pesquisadores que produzem resultados favoráveis.

ALUGUE UM LÍDER-CHAVE DE OPINIÃO PARA “ACONSELHAR”

Um total de 1.160 médicos dinamarqueses foram contratados pela indústria farmacêutica como membros ou consultores de Comitês Consultivos, o que levanta questões sobre a necessidade constante de orientação por parte das empresas ou se isso representa uma estratégia eficaz de compra de influência. Muitas dessas consultorias são percebidas como suborno, com consultores agindo mais como pseudoconsultores.

Estudos sugerem que as consultorias podem levar à autocensura, com especialistas relutantes em criticar medicamentos devido a seus vínculos com a indústria. Especialistas em áreas como endocrinologia, oncologia e cardiologia estão entre os mais envolvidos nessas consultorias, possivelmente devido ao potencial de mercado de medicamentos nessas áreas.

Documentos internos revelam que as empresas farmacêuticas visam mais o marketing do que a pesquisa nessas consultorias. Essas práticas podem violar a legislação em alguns países e destacam a necessidade de maior transparência e regulamentação na relação entre a indústria farmacêutica e os profissionais de saúde.

ALUGUE UM LÍDER-CHAVE DE OPINIÃO PARA “EDUCAR”

“É muito desalentador encontrar psiquiatras acadêmicos pelos quais até agora tínhamos respeito apoiando um medicamento em uma segunda-feira e outro na terça-feira.”

“Posso pensar em um psiquiatra britânico bem-conhecido que encontrei e eu disse,

“Como você está?” Ele disse, “Que dia é hoje? Estou pensando qual medicamento

estou apoiando hoje.”

Robin Murray, professor no Instituto de Psiquiatria, Kings College, Londres 18,27

A terceira maior categoria de médicos dinamarqueses que trabalham para a indústria farmacêutica é de palestrantes. A influência da indústria farmacêutica sobre a prática médica é evidente em diversos aspectos, desde a educação médica até a prescrição de medicamentos e a publicação de estudos científicos.

Médicos são recrutados e remunerados para promover os produtos das empresas, seja por meio de palestras, consultorias ou participação em comitês consultivos. Essa prática, muitas vezes disfarçada como educação médica continuada, é na verdade uma estratégia de marketing para impulsionar as vendas de medicamentos.

A influência da indústria farmacêutica se estende também à pesquisa científica, onde médicos colaboram com as empresas para realizar estudos clínicos e avaliar a eficácia e segurança de seus produtos. No entanto, essa colaboração muitas vezes é marcada por conflitos de interesse e manipulação dos resultados em favor das empresas, comprometendo a integridade da pesquisa e a confiança na evidência científica.

Além disso, a prática de promover o uso off-label de medicamentos, ou seja, para indicações não aprovadas pelas agências reguladoras, representa um sério risco para os pacientes, pois pode expô-los a efeitos adversos desconhecidos ou não adequadamente avaliados.

É fundamental que sejam implementadas medidas rigorosas para garantir a transparência e a independência na relação entre a indústria farmacêutica e os profissionais de saúde. Isso inclui a regulamentação das atividades de promoção de medicamentos, o estabelecimento de diretrizes éticas para a colaboração entre médicos e empresas, e o fortalecimento dos mecanismos de vigilância e fiscalização para garantir a segurança dos pacientes e a integridade da prática médica.