Sobre a Utilidade da Psiquiatria eu quero trazer um alerta aos Profissionais do Ensino e da Saúde e principalmente aos Psicólogos que tanto cooperam na condução dos cuidados aos problemas do comportamento humano.

Precisamos de menos Cardiologia e Neurologia e mais Psiquiatria

Falo da subutilização da psiquiatra, e da psicologia, em benefício das pessoas.

Isso ocorre por vários motivos, como falta de acesso aos profissionais qualificados, preconceito com as enfermidades mentais e também desconhecimento dos profissionais das áreas clínica e cirúrgica quanto às psicopatologias.

Pessoas que “Não Venceram” na Vida

Frequentemente examino jóvens e até adultos na terceira e quarta década de vida que as famílias estão por anos vendo a pessoa sem sair do lugar, naufragada e ninguém sequer pensou em fazer uma avaliação psicológica ou psiquiátrica.

É preciso pensar que se alguém não vai bem na escola, não vai bem no trabalho, não consegue completar um curso, tem dificuldade nos relacionamentos interpessoais, isso pode não ser apenas preguiça ou má vontade, pode existir uma patologia que se tratada, poderá a pessoa ter uma vida produtiva e mais feliz.

Um Caso Clínico

Para exemplificar quero contar um caso, se idendificá-lo, do jovem de 19 anos, que trazido pela mãe ao Ambulatório Escola da Faculdade de Medicina, verbalizaram ser portador de Esquizofrenia e Dupla Personalidade.

Feita a entrevista do paciente e da mãe adotante, ficou evidente que o rapaz não tinha os sinais e sintomas que são critérios diagnósticos para Esquizofrenia e tampouco para Dupla Personalidade, segundo eles diagnósticados pelo psiquiatra que o examinou anteriormente.

Acontece que somente aos 15 anos, professores sugeriram para a mãe que levesse o filho ao “Neurologista”, o qual fez Eletroencefalograma (EEG) e disse que o menino tinha Déficit de Atenção, analfabetismo funcional e receitou Ritalina.

O EEG eu suspeito que foi realizado para agregar valor à consulta do neurologista (somar mais um valor, além daquele pago pela consulta), pois tecnicamente não havia nada para se suspeitar de epilepsia.

Posteriormente foi levado ao Psiquiatra que teria diagnósticado a Esquizofrenia e Dupla Personalidade, este receitou medicamentos em doses antidepressivas.

Análise do Caso

Como assim, diagnosticou Esquizofrenia e receitou antidepressivo?

Se ele diagnosticou uma doença psicótica teria de ter receitado antipsicótico em doses adequadas, mas receitou Escitalopram (antidepressivo e ansiolítico) e a Quetiapina 100mg (esta última é antipsicótica a partir de 400mg).

As receitas eram de um colega clinico geral que vincula seu nome à Psiquiatria, mas basta consultar o site do CFM para ver que o referido médico não tem RQE, portanto não têm Especialista de Psiquiatria registrada no CRM.

Diagnóstico Revisado

Como foram vítimas de propaganda enganosa, desde seus 15 anos o rapaz não está adequadamente tratado. Revisado o diagnóstico com os alunos da faculdade, chegamos a conclusão que o rapaz é portador Deficiência Intelectual Leve (F70), Fobia Social (F40.1) e Hiperatividade e Desatenção (F90).

Quanto aos seu diagnóstico e tratamento o Neurologista foi mais bem sucedido que o Pseudo Psiquiatra, por isso é importante, procurar saber se o médico que você está pagando consulta a preços de especialista tem registro da Especialidade no CRM.

Prognóstico do Caso

A mãe e o paciente foram orientados quanto a exclusão da hipotese diagnóstica de esquizofrenia, firmando os diagnóstico e reorientada a medicação para controle dos sintomas ansiosos e da desatenção, além de manter a psicoterapia.

Quanto à Deficiência Intelecutal (antes chamada de Retardo Mental), esta não tem remédio, mas é preciso cientificar a família para rever as expectativas quando as capacidades e profissão do jovem, que no caso em tela, acabamos por verificar que a mãe e a comunidade já sabiam, pois já estava alocado em vaga para os “Especiais” no serviço de pacote de um supermercado da cidade.

Veja que as pessoas leigas já sabiam o diagnóstico e o Pseudo Psiquiatra não sabia.

As Regras do CRM

Se o seu Médico Especialista não tem RQE, pode que não seja Especialista, daí é melhor confiar no Clínico Geral que se anuncia corretamente, sem fazer propaganda enganosa ou concorrência desleal com os especialistas qualificados.

Como você pode saber a verdadeira especialidade do médico?

Assista este vídeo que tem o passo a passo para você consultar o site do Conselho de Medicina.

Acontece que ao Médico é permitido atuar em todas as áreas da medicina, tenha especialidade ou não, mas precisa se anunciar apenas como “Médico”.

Se o médico coloca em sua porta, carimbo, cartão ou lista dos convênios o nome da especialidade ou palavra que remeta à especialidade, como “Saúde Mental”, “Equilíbrio da Mente” para Psiquiatria ou “Doenças da Pele” para Dermatologia, sem o respectivo RQE, estará irregular perante o CRM. Denuncie.

As Pistas para Reconhecer um Profissional Charlatão

Logo em seguida discutindo o caso com uma colega Psicóloga ela me mostrou num grupo de profissionais, sem de deixar identificar as pessoas, que inclusive alguns psicólogos não sabiam que o referido médico não tinha RQE, outro inclusive teceu elogios ao médico chamando-o de “super humano”.

Mais humano que os outros? Esta poder ser a pista para você suspeitar que um médico pode ser tecnicamente sofrível.

Os charlatões gastam muito tempo com “bajulações”, cientes que pouco sabem de medicina, precisam se angariar na “estupenda” relação médico-paciente, com muitos sorrisos e meiguice.

Eles sabem que as pessoas leigas somente avaliam os profissionais quanto ao trato social e gentileza.

Veja que profissionais de saúde, exceto os da área de estética e fertilização, lidamos com as “dores” das pessoas. Verdadeiramente não dá para ser risonho diante do sofrimento das pessoas, então a boa relação, precisa ser séria, não precisa ser seca, mas cordial.

Contudo toda regra tem exceção, existem poucos profissionais muito bons tecnicamente e notadamente gentis, isto é uma façanha, eu estudo sempre tentando melhorar tecnicamente, mas sei que sou sofrível em simpatia.

Espero ter ajudado com o alerta e as dicas para procurar verdadeiros especialistas. Caso o médico não seja especialista, talvez seja melhor confiar no seu médico de família ou naquele clínico geral que sua família já confiou muitas vezes.